“O projeto não é uma simples representação do futuro, do amanhã, do possível, de uma ideia; é o futuro a fazer, um amanhã a concretizar, um possível a transformar em real, uma ideia a transformar em ato"
Machado 2000

Você não pode deixar de visitar ...

100anos de conjuntos habitacionais no Rio

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A Psicopedagogia na Instituição Escolar


A Psicopedagogia na Instituição Escolar
 Adaptação dos  textos de Silmaia Sampaio e Silvia carvalho
A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a comunidade, esclarecendo sobre as diferentes etapas do desenvolvimento, para que possam compreender e entender suas características evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da idade. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento.

Os psicopedagogos são profissionais preparados para atender crianças, adolescentes e adultos com problemas de aprendizagem formal e/ou organizacional atuando na sua prevenção, diagnóstico e tratamento clínico ou institucional.

O psicopedagogo poderá atuar em escolas, empresas e na área da saúde (psicopedagogia institucional), ou na clínica (psicopedagogia clínica).

Para conhecimento, o  psicopedagogo  na clínica,  através de um processo diagnóstico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para tanto, usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), histórias, material pedagógico etc.

Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões, honorários, a importância da frequência e da presença e o que mais for necessário. Neste momento não é recomendável falar sobre o histórico do sujeito, já que isto poderá atrapalhar a investigação. O histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis.

Geralmente faz-se o diagnóstico entre 6 a 8 sessões. O ideal é que haja duas sessões por semana.

O psicopedagogo na instituição escolar poderá:
- ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;
- ajudar na elaboração do projeto pedagógico;
- orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele aluno com dificuldades de aprendizagem;
- realizar um diagnóstico institucional pedagógico para averiguar possíveis problemas que possam estar prejudicando o processo ensino-aprendizagem;
- conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.

- conversar com os pais para fornecer orientações;
- auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam ter um bom relacionamento entre si;

- conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.
- encaminhar o aluno para um profissional (psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo etc) a partir de avaliações psicopedagógicas


A escuta é fundamental para que se possa conhecer como o sujeito aprende, e como diz Nádia Bossa, “perceber o interjogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar”.
O psicopedagogo também deve estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc.
E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, para compreender de forma mais completa estas crianças ou adolescentes já tão criticados por não corresponderem às expectativas dos pais e professores.
O diagnóstico psicopedagógico é um processo sistêmico que tem um caráter dialético, e busca entender causas, a partir de uma sintomatologia, que leva às intervenções pertinentes a fim de produzir o equilíbrio do sujeito em análise ou da instituição pesquisada. O diagnóstico psicopedagógico se reveste de plasticidade e reversibilidade já que pode ser revisado no contínuo do seu movimento. As intervenções se dão a partir de uma postura investigadora do psicopedagogo seja na clínica ou na instituição.

É possível conceber que o trabalho na instituição poderá ser aprofundado, enriquecido, complementado pelo olhar clínico, que tem uma característica terapêutica e pode dar conta das demandas do sujeito que atua como minipeça integrante de um maximecanismo. Porém, é importante sinalizar que os instrumentos de avaliação diagnóstica utilizados na clínica, não devem na sua maioria, ser utilizados no diagnóstico da instituição, já que este último pretende traçar o perfil do grupo (CARLBERG, 1998).

Os aspectos divergentes deste trabalho são observáveis quando levamos em consideração que na instituição o psicopedagogo atua reestruturando a função desta junto aos envolvidos, identificando sintomas bloqueadores do processo ensino-aprendizagem, redimensionando as vias e os mecanismos de aquisição dos conhecimentos, bem como administrando ansiedades e conflitos que refletem no dinamismo intergrupal.

Na clínica é estudada a aprendizagem normal e patológica tanto com um sentido preventivo como terapêutico, sendo investigado o significado, as causas e a modalidade de aprendizagem do sujeito com intervenções realizadas – a partir de uma metodologia clínica – no intuito de ressignificar o processo e/ou sanar as dificuldades. Com um olhar focalizado na história do sujeito, psicopedagogia trabalha sobre as causas a partir da identificação dos sintomas.


Os aspectos convergentes podem ser ressaltados quando se constata que:
tanto o psicopedagogo com atuação na instituição quanto o psicopedagogo com atuação na clínica realizam intervenção utilizando métodos, instrumentos e técnicas próprias da Psicopedagogia; atua na prevenção dos problemas de aprendizagem; desenvolve pesquisas e estudos científicos relacionados ao processo de aprendizagem e seus problemas; tem como objetivo devolver ao sujeito o prazer de aprender e criar estratégias de resgate e exercício da autonomia; orienta, coordena e supervisiona cursos de especialização de Psicopedagogia, em nível de pós-graduação.



O diagnóstico psicopedagógico é um instrumento que investiga os elementos que se interpõem no processo de aprendizagem do sujeito. Pois, podemos pensar que o sujeito aprendente está lá... aqui... encontra-se num espaço temporal, dimensional e existencial permeado de suposições sobre o eu orgânico, o eu emocional, o eu mental, o eu psíquico, o eu energético. Impressões que são mediatizadas pelo outro – a família, a escola, a religião, o estado - e transformadas em mitos, meias-verdades refletidas nos espelhos das verdades do outro, espaços do eu que por vezes são intangíveis, mas que de alguma forma são organizados pelas estruturas cognitivas. Nesse processo de compreensão e contextualização da realidade alguns percalços podem ser visíveis pois o  sujeito se mistura em suas  impressões e necessita ser reconduzido em sua trajetória pessoal investido da energia necessária para o saber de si, do outro e do mundo.